segunda-feira, 22 de agosto de 2011

sexta-feira, 20 de maio de 2011

'eu sei que vou. insisto na caminhada. o que não dá é pra ficar parado. se amanhã o que eu sonhei não for bem aquilo, eu tiro um arco-íris da cartola. e refaço. colo. pinto e bordo. porque a força de dentro é maior. maior que todo mal que existe no mundo. maior que todos os ventos contrários. é maior porque é do bem. e nisso, sim, acredito até o fim.' caio fernando abreu

quarta-feira, 27 de abril de 2011

[...] 'fazei que eu procure mais consolar que ser consolado; compreender que ser compreendido, amar, que ser amado. pois é dando que se recebe é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se nasce para a vida eterna.'



'Pra lembrar quem eu sou
Pra salvar o que ainda restou
Do nosso tempo
E assim vou vivendo
Pra lembrar quem eu sou
Pra salvar o que ainda restou
Do nosso tempo eu sei
Que assim vou vivendo'



quinta-feira, 7 de abril de 2011

preto

'o democracímetro ocidental expressa uma cultura da aparência: o contrato de matrimônio importa mais que o amor, o funeral mais que o morto, a roupa mais que o corpo e a missa mais que deus. o espetáculo da democracia importa mais que a democracia.' (GALEANO)

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

gérberas à espera.

as pessoas tinham perdido a conta de quantos anos faziam que ele se sentava, todos os dias, naquele mesmo banco de praça. no início ninguém deu importância. e ainda ninguém cogitava dar um palpite, mas ele sabia quantos dias essa espera durava. sabia exatamente quantos foram os dias de chuva, os dias de muito frio, aquele dia que nevou e ninguém viu e todas as manifestações políticas e religiosas daqueles últimos nem sei quantos anos.


não era incômodo para ninguém, e as pessoas respeitavam seu silêncio. desde os donos do café onde ele faziam se desjejum, que ainda eram os mesmos, até a florista, de quem ele comprava a flor singela que levava consigo, que já nem se importava com nada, entretida com seu chiclete.
se era domingo, ou se não haviam flores, ele trazia de casa o pequeno ramalhete num laço de fita e sentava no banco, ainda branco, a contar as horas pelo relógio da iIgreja. era pontual, tinha hora pra chegar e hora de sair.


numa manhã, não faz muito, dessas sem nada de especial, o sol tímido meio às nuvens ainda nem tinha começado a esquentar. faltavam cerca de dez ou quinze minutos, quem sabe, para ele levantar do banco e cabisbaixo contar passos até seu sobrado há umas duas quadras. um táxi pára frente ao casarão onde ela morava.


de dentro dele tiram uma jovem senhora, de olhar calejado mas ainda assim brilhante, e a colocam numa cadeira de rodas na calçada. ele atravessa a praça, sobe a rua e se pára frente a cadeira.


- tu? - ela pergunta
- eu... - ele responde
- tu te atrasou...
- tu nunca mais vieste.
- tenho que entrar, estão a minha espera.
- mais do que eu te esperei? - olhando-a cheio de lembranças - toma. estas flores são pra ti!
- gérberas? gosto de gérberas...

só estas poucas palavras antes de ela ser levada da calçada, sem ao menos lhe contar por que tinha mudado às pressas pra capital naquela mesma manhã que haviam combiando se encontrar na praça. já dentro do casarão, fica sabendo por uma das enfermeiras do ritual diário que ele fazia. teve a certeza que se tivesse ficado mais cinco minutos naquela praça não estaria naquela maldita cadeira de rodas. ela chorou muito na viagem de volta à capital, logo depois de sair do casarão, ainda no mesmo dia.


ele agora andava com a cabeça em pé. e na cabeça um turbilhão de emoções e pensamentos. ele pensava que nem a havia dito como a amava ainda, nem que ela continuava bonita, mas, enfim, ele iria ao casarão na outra manhã, disposto a ouvir e a contar tudo, mas desta vez levaria duas ou três gérberas de cores diferentes.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

a menina elefante

[...]

'não sou burra, nem feia demais. não grito muito alto em lugares que preferem o silêncio. sigo as regras de etiqueta quando a situação exige. tento ser uma pessoa agradável a maior parte do tempo, mas sou lilás; e pessoas lilases não são bem aceitas. tu não és azul nem rosa... tu és o meio. tu és a vã tentativa disso e daquilo.

tu também serás rotulado como mentiroso, por teres omitido pequenas coisas, pequenas pistas que diriam quem tu és realmente. tu deves ao psicológo por querer ser feliz. sabes como é felicidade ao extremo assusta; e eu assusto os outros.

eu faço doer, aquilo que os outros querem esquecer. me sinto culpada por isso, mesmo sabendo que sou tão inocente quanto ao menino que come doces antes do jantar. cansei de olhares que me censuram. pessoas que não me entendem.

[...]

homens, mulheres, meninas elefantes acabam cedo ou tarde provando que os outros são mais deformados que eles mesmos. sociedade hipócrita. eles podem ser azuis, rosas, amarelos... e eu sempre serei a estranha. azar daqueles que não me aceitam. azar só deles.'

sábado, 6 de novembro de 2010

poesia no cemitério

lembra

que a gente não precisa dos outros pra ser feliz,
mas que é bom quando tem alguém
que a gente também quer
ansioso pra nos ver
é bom sim.

não é o meu caso hoje,
pelo menos não tenho que lidar
com aquelas coisas
que vem quando esse frenesi todo acaba.

muitas vezes
a gente não acredita no fim,
faz força pra ter de volta aquilo tudo.

se atrapalha, faz coisas e nem se liga.

mas tudo isso faz parte do aprendizado da vida,
de lidar com as emoções, o sentimento de raiz
não relacionado a alguém ou alguma coisa;

é assim porque quando é intenso, invariavelmente
provoca um rebuliço interno
e tá ali, impregnado
só por isso.

mas se a gente vive
troca, aprende
e consegue se ver e deixar livre quando essa parte acaba.

uma hora ela volta e volta diferente.

é preciso muita disposição pra crescer juntos,
nós estamos sempre mudando.

andar a dois muitas vezes limita
a velocidade e, ou, o alcance dos nossos passos.

e assim vai...


'we no /spike/americano' - yolanda be cool