quarta-feira, 1 de julho de 2009

na parada á espera do ônibus, um senhor idoso se escora ao meu lado. enquanto isso, do outro lado da rua um casal de hippies passa levando uma criança num carrinho e uma tela com vários brincos expostos. entro no ônibus e o mesmo senhor vem comigo. na primeira parada estão 3 velhinhas, tão velhinhas que seus cabelos parecem teias de aranha. eu as observo enquanto conversam, curvadas, mas animadamente. ao mesmo tempo passa de bicicleta um homem com uma criança de não mais que 5 anos na garupa. de repente uma mulher atrás de mim grita perguntando ao cobrador como ela faz para denunciar um homem que a ameaçava de morte, mas tinha um primo na brigada militar. no meio disso eu só consigo pensar na vida. na corrente consciente e inconsciente de vida que interliga num mesmo momento de realidade todas as outras vidas que estão á nossa volta. vidas que começam, latentes ainda, e vidas que já se encerram. tudo traz consigo uma bagagem tão maravilhosa de possibilidades que eu acabo entendendo o medo de mudanças a que alguns se agarram com unhas e dentes. no dia que essa represa estourar e todos perceberem a míriade de possibilidades existentes, nada mais será como antes. ainda bem.

se eu conseguisse colocar aqui tudo aquilo que venho pensando nos últimos dias...

mas não dá, as idéias vêm aos borbotões, os pensamentos se iluminam e se apagam quase antes de serem perecebidos. tempo, coisinha tão enigmática. que importa vivermos para sempre ou morrermos amanhã se nem ao menos sabemos quem somos. e que importa sabermos quem somos? alguém sabe? não serei eu um reflexo de tudo aquilo que vi e ouvi, como diz um maravilhoso fernando pessoa? você está satisfeito com a sua vida? não? bom, eu poderia dizer que é assim mesmo, não existe satisfação plena e tal... puro consolo! e daí? pois eu digo: ainda bem que você não está satisfeito com a sua vida! a pergunta deveria ser: você está satisfeito com você mesmo? com suas atitudes? veja bem, eu não perguntei sobre conhecimento, é algo muito mais próximo do sentimento, da emoção. não dá pra se conhecer por completo? tudo bem. não dá pra se satisfazer com a vida? ainda bem.é possível olhar pra si e jogar limpo? sim!

'liberdade esta palavra que o sonho humano alimenta que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.'